25 de out. de 2011

Poluição dos Rios de Salvador- Bahia


Os 12 rios de Salvador são esgotos a céu aberto e não passam por tratamento

Com o esgotamento chegando a 83% da cidade, o restante das casas descarrega dejetos nos rios







Conhecer os 12 rios que correm pela capital baiana é uma tarefa árdua até para o mais aplicado dos estudiosos. É quase impossível associar os córregos negros de lixo com as águas límpidas e inodoras descritas nos programas de temática rural.

Com o esgotamento sanitário chegando a 83% da cidade, segundo a Embasa, o restante das casas descarrega irregularmente dejetos nos rios. “Isso é uma prática antiga. O primeiro esgoto de Salvador foi o Rio das Tripas, que, inclusive, tem esse nome porque ficava perto de um curtume que descartava as partes desinteressantes na bacia”, conta o biólogo Fernando Pires.

Enquanto parte da população insiste em utilizá-los como grandes ‘lixões’ a céu aberto, o resultado da prática histórica e da falta de projetos na esfera pública para tratar os rios é o cheiro desagradável, a proliferação de doenças e a presença de ratos dividindo espaço com os pedestres próximo aos córregos.




Rio Camurujipe - Costa Azul

“Você está falando deste esgoto aqui? Nem sabia que isso era um rio”, comenta a estudante Isabel Magalhães. Sem muito esforço, é possível encontrar ao longo do rio verde-escuro o motivo para a surpresa: sacos plásticos, papelões e outros dejetos são jogados na margem, e catadores de lixo descartam no local o que não pode ser aproveitado pela reciclagem.

Rio Lucaia - Rio Vermelho/ Av. ACM

O Rio Lucaia passa pelo Rio Vermelho e pela Av. ACM. A comunidade relata que o córrego cheira mal durante todo o ano. “No verão, o cheiro é insuportável e, no inverno, ele fica sempre perto de transbordar e espalhar doenças. Não sei o que é pior”, reclama a vendedora Sílvia Reis. Além disso, quem espera o transporte público pode ser surpreendido ao dividir espaço com ratos, baratas e outros insetos.







Rio Jaguaribe - Piatã

O assoreamento das matas ciliares causado pelos condomínios do bairro Piatã e das invasões do Bairro da Paz contribui para a degradação do rio. A vegetação que se espalha no entorno também é um indício do alto nível de poluição das águas. Segundo o biólogo Nilton Tosta Pinto, o tom esverdeado dos rios é decorrente da proliferação de cianobactérias – algas encontradas em esgotos domésticos. “Elas liberam toxina e causam mau cheiro”, afirma.

Rio das Pedras - Boca do Rio

O rio que desemboca ao lado da sede de praia do Clube do Bahia receberá o próximo emissário submarino de Salvador. Mas a obra não trouxe nenhuma regalia para o córrego, que continua exalando mau cheiro, com água turva e muito lixo. E todos os dejetos caem diretamente na Praia de Piatã, que é considerada própria para banho pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA).






Risco à saúde

Além dos rios, as 35 fontes ou nascentes de Salvador estão contaminadas. Ainda assim, a população do entorno continua utilizando a água para beber. “O problema acaba atingindo toda a cidade, porque a água contaminada é utilizada para regar hortas ou cozinhar alimentos que mais tarde acabam sendo distribuídos ”, explica o infectologista Fernando Badaró.

Segundo o especialista, ratos e pombos que ficam próximos dos rios são vetores de leptospirose e do vírus que pode causar meningite, e a contaminação aumenta consideravelmente no período das chuvas. “Nesta época, em locais como San Martin e Uruguai, próximos a rios e facilmente alagáveis, doenças transmitidas pela água contaminada, como hepatite, febre tifoide, salmonela, aumentam muito”, relata.

De mal a pior...

Segundo o Instituto das Águas e Climas (Ingá), todos os rios de Salvador possuem o índice de qualidade de água entre péssimo e razoável, mas, ainda assim, não há qualquer projeto em vista para tratar os córregos. O diretor-geral do órgão, Wanderlei Matos, diz que fechar o rio é sempre a última opção, mas a ação foi inevitável algumas vezes. “O tratamento político dispensado à poluição não acompanha o crescimento urbano”, reconhece. Para o biólogo Fernando Pires, o resultado é reflexo da falta de políticas públicas ambientais. “A recuperação dos rios é possível. Se pararmos de poluir, eles se recompõem naturalmente”, afirma.

Fonte: Pascom Comunitária e Metrópole FM

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